quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Falar



         Já fui de esconder o que sentia, e sofri com isso. Hoje não escondo nada do que sinto e penso, e às vezes também sofro com isso, mas ao menos não compactuo mais com um tipo de silêncio nocivo: o silêncio que tortura o outro, que confunde, o silêncio a fim de manter o poder num relacionamento.


          Assisti ao filme Mentiras sinceras com uma pontinha de decepção -os comentários haviam sido ótimos, porém a contenção inglesa do filme me irritou um pouco -mas, nos momentos finais, uma cena aparentemente simples redimiu minha frustração. Embaixo de um guarda-chuva, numa noite fria e molhada, um homem diz para uma mulher o que ela sempre precisou ouvir. E eu pensei: como é fácil libertar uma pessoa de seus fantasmas e, libertando-a, abrir uma possibilidade de tê-la de volta, mais inteira.


       Falar o que se sente é considerado uma fraqueza. Ao sermos absolutamente sinceros, a vulnerabilidade se instala. Perde-se o mistério que nos veste tão bem, ficamos nus. E não é este tipo de nudez que nos atrai.
Se a verdade pode parecer perturbadora para quem fala, é extremamente libertadora para quem ouve. É como se uma mão gigantesca varresse num segundo todas as nossas dúvidas. Finalmente se sabe.
  

       Mas sabe-se o quê? O que todos nós, no fundo, queremos saber: se somos amados.


       Tão banal, não?

       E no entanto esta banalidade é fomentadora das maiores carências, de traumas que nos aleijam, nos paralisam e nos afastam das pessoas que nos são mais caras. Por que a dificuldade de dizer para alguém o quanto ele é – ou foi – importante? Dizer não como recurso de sedução, mas como um ato de generosidade, dizer sem esperar nada em troca. Dizer, simplesmente.
     

        A maioria das relações – entre amantes, entre pais e filhos, e mesmo entre amigos – ampara-se em mentiras parciais e verdades pela metade. Podem-se passar anos ao lado de alguém falando coisas inteligentíssimas, citando poemas, esbanjando presença de espírito, sem alcançar a delicadeza de uma declaração genuína e libertadora: dar ao outro uma certeza e, com a certeza, a liberdade. Parece que só conseguiremos manter as pessoas ao nosso lado se elas não souberem tudo. Ou, ao menos, se não souberem o essencial. E assim, através da manipulação, a relação passa a ficar doentia, inquieta, frágil. Em vez de uma vida a dois, passa-se a ter uma sobrevida a dois.


        Deixar o outro inseguro é uma maneira de prendê-lo a nós – e este “a nós” inspira um providencial duplo sentido. Mesmo que ele tente se libertar, estará amarrado aos pontos de interrogação que colecionou. Somos sádicos e avaros ao economizar nossos “eu te perdôo”, “eu te compreendo”, “eu te aceito como és” e o nosso mais profundo “eu te amo” – não o “eu te amo” dito às pressas no final de uma ligação telefônica, por força do hábito, e sim o “eu te amo” que significa: “seja feliz da maneira que você escolher, meu sentimento permanecerá o mesmo”.


         Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.

Martha Medeiros

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Mesmo assim


“Como é que você pode continuar gostando de um cara tão instável, que num dia te adora e no outro mal fala contigo?”
“Não acredito que você ainda está parado na desta garota. Cara, ela dá o maior mole pra todo mundo… tudo bem, é o jeitinho dela, mas, ó, te liga”.
“Ele é muito querido, muito engraçado, mas também muito vadio: você vai passar fome ao lado deste homem!”
“O que adianta ela ser bonita, rapaz? Te trata como escravo”.
É ótimo ter amigos, principalmente amigos que se preocupam com a gente. Mas, quando o assunto é amor, conselhos servem pra nada. Não que os amigos estejam errados, ao contrário: a gente sabe que eles estão com toda a razão, que eles estão vendo tudo aquilo que a gente finge não ver. O problema é que o amor não tem lógica. Você reconhece que a pessoa não serve pra você, mas a considera simplesmente adorável.
Você sabe que ela, ELA!, o grande amor da sua vida, é uma maluca de carteirinha, a maior viajadona do planeta, não diz coisa com coisa, e tem a estranha mania de se trancar no quarto por três dias seguidos, sem sair, sem abrir a porta, sem atender o telefone. Aí um belo dia ela sai e não dá a menor satisfação pra ninguém. Você consegue se imaginar vivendo com alguém assim? Não, mas também não consegue se imaginar vivendo sem.
E você aí, mulher? Enroladíssima com aquele cara, você sabe quem. Ele não tem o melhor caráter do mundo. Não tem o melhor currículo do mundo. Mas tem o melhor beijo do mundo e você, cada vez que ensaia dizer não, acaba dizendo sim, sim, sim. Porque você o ama. Mesmo ele sendo meio rude, meio ingrato, meio sonso. Mesmo assim.
Vou ficar torcendo para que nenhum desses exemplos caia como uma luva pra você. Desejo que tudo isso que foi escrito seja pura ficção pra você, que você nunca passe por uma doideira dessas. Mas não esqueça que doidas e doidos também são apaixonantes. Assim como os inconstantes e as ciumentas. E os alienados e as histéricas. Todos uma praga, todos cativantes. Ninguém está
livre de topar com o cara errado e a garota mais encrenqueira, e amá-los muito, mesmo assim.

domingo, 25 de setembro de 2011

Expectativas

 Não sei vocês, mas eu tenho muitas expectativas, sempre quero que ocorra da maneira que pensei que pudesse ocorrer. E quando não, me decepciono. Há quem diga que eu vivo em um mundo da fantasia, até pode ser, mas se não fosse essa fantasia o que seria de mim? 

Tenho expectativas que tudo de certo, nossa, que responsabilidade de tudo dar certo, de sermos felizes, mas estamos sempre em busca da felicidade, e as vezes creio que seja utopia. Mas se não fosse a expectativa de sermos felizes, será que realmente seríamos? 

Pode até ser erro da minha parte, mas creio que alguém me espera, ou que aquele "certo alguém", (que pode até não ser tão certo assim), ainda o será. Que aquele futuro profissional espetacular está ali, bem guardadinho pra mim, claro, que terei que doar muito de mim, e criar muita expectativa em volta de minha sabedoria, mas estará ali, mesmo assim.
Criar expectativas pode ser ruim, mas se não fosse elas eu não estaria aqui. 

Abraço Apertado


Na maioria das vezes eu quero um abraço apertado, alguém sabe o valor desse abraço? Esse abraço não é qualquer abraço, é O ABRAÇO. Não quero que esse texto caia na armadilha de que "todos devemos abraçar uns aos outros", ou "vamos! hoje é dia do abraço", por isso venho aqui pensar a respeito da falta que me faz, aquele abraço, o abraço de conforto, de aconchego, e por incrível que pareça cada momento requer um abraço diferente, de pessoas diferentes. 

Já abracei muitas vezes e já fui abraçada também. Existe aquele abraço bem discreto, aquele bem colado, aquele meio de canto, com um certo receio, aquele acompanhado de um beijo na bochecha, outro acompanhado de um beijo na boca, aquele abraço com cuidado, aquele sem pudor...Existe aquele abraço de carinho, amor, perdão. Aquele abraço da mãe, de afeto, aquele de amigo , por completo. Aquele de saudade, e de eternidade. Aquele de um amor correspondido, e de um não correspondido, claro que prefiro o primeiro. 

Mas muitas vezes eu sinto falta do abraço apertado, pois este me completa, este tem todos os itens que disse anteriormente, este se faz completo, se faz único, independente do momento ou da pessoa, quem abraça apertado é por que que abraçar, quer se fazer presente, e a gente também que receber. Neste abraço eu quero me sentir protegida, eu quero me sentir amada, única.  Este é tão sincero que são poucas as pessoas que eu sinto falta de abraçar, uma por que não gostam muito, outras por estarem longe, mas o desejo de abraça-las permanece!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Escrever para aliviar o pensar



Um dia me disseram que quando estamos tristes escrevemos muito melhor, pois escrevemos com o coração, então hoje decidi começar a escrever crônicas, ou sei lá, escrever o que me vem à cabeça. Isso pode ser muito produtivo quanto uma perda de tempo e raciocínio, porém irá aliviar um pouquinho o que sinto compartilhar com pessoas que muitas vezes nem me conhece. (22/05/2011)

Se pararmos para pensar, podemos mudar tudo em nós, menos o nosso essencial! 

Sou.




"Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço 
Sou uma criança insegura 
Que às vezes usa salto alto 
Sou uma mulher que balança 
Sou uma criança que atura"

Martha Medeiros